quarta-feira, novembro 08, 2006

Onde quero ir...

Não

Não: devagar.
Devagar, porque não sei
Onde quero ir.
Há entre mim e os meus passos
Uma divergência instintiva.
Há entre quem sou e estou
Uma diferença de verbo
Que corresponde à realidade.

Devagar...
Sim, devagar...
Quero pensar no que quer dizer
Este devagar... Talvez o mundo exterior tenha pressa demais.
Talvez a alma vulgar queira chegar mais cedo.
Talvez a impressão dos momentos seja muito próxima...

Talvez isso tudo...
Mas o que me preocupa é esta palavra devagar...
O que é que tem que ser devagar?
Se calhar é o universo...
A verdade manda Deus que se diga.
Mas ouviu alguém isso a Deus?

Álvaro de Campos

4 Comments:

Blogger rach. said...

também entre os meus passos e mim há uma divergência que por vezes é instintiva. Não, me apresses que eu sou alentejana. na planície tudo é feito assim calmamente, ao sabor do tiquetaque, das ondas dos trigais, de Vivaldi... de modo a que o arábica possa ser degostado devidamente, sem as borras do incoveniente agora não dá,não tenho tempo; que o aroma transforme a alma vulgar e a eleve ao momento sublime do ser, do existir...
:)

08 novembro, 2006 14:18  
Blogger carpe diem said...

:)

09 novembro, 2006 12:38  
Anonymous Anónimo said...

E há sempre as manhãs de oceano...:)

O trovejar do mar, no vácuo e
na areia cravejada de som
Os olhos escutam o azul
O murmúrio húmido
do fervilhar das vagas diluídas nas estrelas
Enquanto a claridade
adormeçe a escuridão...

09 novembro, 2006 15:56  
Blogger carpe diem said...

Manhãs de oceano...
Divagando pelas ondas da poesia do universo...
E a escuridão dá lugar ao sossego do azul do meu céu...

fica bem...

09 novembro, 2006 21:23  

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