...
os meus moinhos de vento... de MS
O menino de sua mãe
"No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas traspassado
– Duas, de lado a lado –,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! Que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
É boa a cigarreira,
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço... Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
"Que volte cedo, e bem!"
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe."
Fernando Pessoa
Acho que não irei conseguir vencer na nossa história, mãe...
O menino de sua mãe
"No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas traspassado
– Duas, de lado a lado –,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! Que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
É boa a cigarreira,
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço... Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
"Que volte cedo, e bem!"
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe."
Fernando Pessoa
Acho que não irei conseguir vencer na nossa história, mãe...
4 Comments:
Espero que esteja tudo bem por aí.
Esse poema faz-me lembrar uma professora odiosa que tive. A senhora era tão mas tão odiosa, que primeiro lembro-me ela, e do quanto ela era odiosa (já referi isto?), e depois aprecio o poema. É pena.
Beijinho imenso
cátia...
Está tudo bem sim, obrigada... São os eternos problemas de familia... ;)...
beijinhos...
Quando leio este poema, parece-me ouvir o João Villaret a declamá-lo: sublime!
Beijinhos.
Espero que seja uma tempestade num copo de água...
pinguim...
Sem dúvida!!! ;)...
É já uma tempestade permanente, mas a minha consciência está cada vez mais tranquila, o que é o mais importante... :) Obrigada!!!
beijinhos...
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