no estado líquido... de MS
"O que é ser feliz? A felicidade é algo que podemos ter?"
"Ou ela é somente uma metáfora brilhante inventada por homens cujo o sentido da vida, da existência, se esvaiu com o tempo? _ O homem construiu, e inventou tudo. Desde gestos a palavras, de significados e seus significantes, do viver em sociedade com suas regras e seus valores morais, do tempo aos seus paradoxos o passado o presente e o futuro. _Não seria então a felicidade fruto da imaginação e da necessidade humana e não algo instintivo como se acredita ser?
Ou seria só mais um signo, rodeado de parâmetros e verdades infundadas?
O significado de ser e estar feliz é complexo, porque não basta ser, você tem que estar feliz. Uma coisa é certa, não há continuidade na felicidade, o que existe são picos, momentos de felicidade. Somos mais angustiados do que felizes. A angustia da busca sem fim, do prazer ilimitado de ser feliz. Mas toda a felicidade tem seu fim. Então porquê acreditar na imortalidade do conceito?
Porque a vida sem o conceito de felicidade não é plena, é vazia. E nossa fragilidade humana não consegue viver sem ícones. Nossa existência se acostumou a agarrar-se em verdades universais, a conceitos prontos que não ousamos duvidar de sua real existência. E acreditamos na máxima de que todos tem o direito e o dever de ser feliz. E assim, nos apoiamos em conselhos, livros de auto-ajuda e a tudo que possa indicar o caminho da felicidade.
Freud, define felicidade como: "um problema individual, que não cabe em conselhos, mas que cada um deve procurar por si só para tornar-se feliz". E para muitos a procura não está relacionada com o seu interior, mas por coisas exteriores. Na multiplicidade de bens materiais, aceitação social, dinheiro ou por uma carreira bem sucedida, enfim...
Procurar a felicidade então requer abandonar a insistente idéia de que a felicidade depende das coisas e dos outros. Mas temos medo. A fragilidade do sentimento é constante, tudo abala a felicidade. A falta de emprego, de dinheiro, de paz, de convicções, de fé, tudo contribui para a instabilidade da felicidade. Nietzsche escreveu que: "A essência da felicidade é não ter medo", mas temos medo de ser o que verdadeiramente somos, medo de nos despir de toda imposição social, de suas formas, seus conceitos e de seus valores. Marionetes presas as cordas do movimento do sistema. Somos passageiros onde deveríamos ser condutores. Não somos felizes, somos iludidos. Pois nunca saciamos nossa sede de felicidade, sempre nos falta algo, sempre estamos incompletos. Por mais felizes que achamos estar, nunca é suficiente.
Por quê então buscar a felicidade? _ Por quê o ser humano ainda não encontrou meios de vivênciar a sua existência e a plena felicidade, de outro modo que não por meio do consumismo e da fuga incessante dos problemas cotidianos?
A reflexão, a cerca do que do que a felicidade representa para cada um de nos, pode ser o começo de uma direção, não uma resposta, mas um começo.
Pense nisso!"
Anderson Cavaca
fonte http://www.cwbnews.com.br/noticias/2007/12/02/not_49674c_1a_45.php